Acho que o excesso de liberdade e de desprendimento nunca ligaram muito bem comigo.
Afinal havia um pretexto, mesmo que eu quisesse esquecê-lo.
Era Dia Mundial da Música e a Orquestra Nacional do Porto viajava nas carruagens enquanto tocava excertos da 5ª Sinfonia de Beethoven.
Todo aquele pedaço de magia que me fez regressar à estação da Trindade, falar com espectadores e técnicos e terminar o percurso na Estação de São Bento onde centenas de crianças aguardavam o momento da tarde.
A Orquestra reuniu-se, finalmente, para tocar, na íntegra, toda a obra.
Cheguei à redacção. De fotologenda o trabalho passou a reportagem. A minha vontade era desbundar, dar largas à imaginação e escrever livremente. Mas o medo de ser reprimida ou novamente acusada de "cronista" assaltou-me e o artigo acabou por resultar num mero texto informativo.
E qual não é a minha surpresa quando o editor me pede que reformule o texto para algo mais "livre" e que o "fizesse sentir dentro da carruagem do metro".
O pedido caiu como uma bomba mas ao mesmo tempo como um suspiro de alívio. Pensei que seria a minha oportunidade de dar largas ao prazer e de mostrar aquilo de que realmente sou capaz.
"Por mim já te podes ir embora. Está impecável" foi o que ele disse e ainda só tinha lido o lead.
Eram 21h30 quando deixei a redacção.
1 comentário:
Tudo passa por ter um saco enorme de paciência e ter estomago paraconseguir digerir um batalhão de coisas díspares...
Beijinho e força :*
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