segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

It's Over

Tudo terminou com um "Adeus" e um "Feliz Natal".
Não é que tenha custado. Não é que já não estivesse à espera.
Mas foi como a dor da morte. Sabemos que ela virá, mais tarde ou mais cedo. Mas nunca estamos preparados para a sua chegada.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Recta Final

Para minha grande alegria, eu e todos os estagiários fomos propostos a permanecer durante mais uma semana no Público.
A ideia é adiantar trabalhos que possam sair na época de Natal (quando as notícias escasseiam) e poder também concluir reportagens que tivessemos pendentes.
Fiquei feliz mas, no fundo, foi só adiar um mal irremediável.
Depois de amanhã será o dia da grande despedida. Despedir de dias de desespero, de tristeza mas, acima de tudo (e confesso que, no princípio, nunca pensei poder vir a dizer isto) da maior aprendizagem que alguma vez poderia vir a ter.
Cresci muito aqui no Público. Enquanto pessoa, mas acima de tudo enquanto profissional. Aprendi a ver a vida com outros olhos, a separar o que é notícia daquilo que é manipulação e a compreender que os erros se corrigem com palavras duras. É com elas que se cresce, mesmo que doam muito a ser ouvidas. São elas que nos mostram aquilo que somos, aquilo que não somos e aquilo que devemos ser.
Dentro de dois dias, tudo se irá isvair como uma nuvem de fumo que viveu durante três meses dentro da minha cabeça.
Pela primeira vez começo a sentir tristeza por abandonar aquela que foi a minha vida durante três meses. Vou ter saudades do ambiente que aqui vivi, das pessoas que conheci e principalmente de tudo aquilo que aprendi. Sinto que trabalhava com força de aprender, com a consciência de que os erros iriam ser corrigidos. É isso que nos faz crescer.
Estou na recta final e faltam apenas três dias.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Contente?

"O administrador da empresa onde foste na segunda-feira elogiou muito o teu texto. Disse que, vindo de uma estagiária, estava muito bom".
Quem me conhece sabe que detesto que me elogiem, aliás, que não lido muito bem com isso.
Mas quem não ficaria contente?
Falta pouco mais de duas semanas para tudo isto acabar e parece que me sinto triste.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Contagem Decrescente

Faz precisamente hoje dois meses desde que comecei o estágio.
Dois meses de difícil balanço, de dias cheios e vazios. Mas, sem sombra de dúvida, dois meses de imensa aprendizagem. Às vezes penso que o meu barco é pequeno demais para tanta coisa para a qual comecei a olhar com outros olhos. Tanta coisa que aprendi. Coisas que, ao início, bateram contra a minha cabeça dura de uma forma brusca mas que, depois, foram sendo digeridas aos poucos. Engolidas pouco a pouco e... compreendidas.
Acho que só posso levar coisas boas daqui. Mesmo que, ao início, tenha chegado convencida de muita coisa e me tenha custado aceitar o contrário.
Com dois meses de distância consigo ouvi-las de uma forma mais profunda, compreendê-las com calma.
É o último mês de uma caminhada que, embora por vezes me tenha parecida longa, passou quase a voar. Talvez porque os dias são quase todos iguais: sempre a aprender.
Falta um mês. Começo a contagem decrescente para um futuro que não sei, ou talvez não queira saber, qual será.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Contente é pouco

Hoje o meu editor, Álvaro, disse-me: "Li o teu texto do Inner City" e fiquei muito contente.

Querem saber o tamanho da minha satisfação? Não consigo avaliá-lo.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Textos da Anita

Na quinta-feira da semana passada passou-se uma das situações mais embaraçosas desde que estou no Público.

O meu editor, Álvaro, pediu-me para o acompanhar junto de uma jornalista que se senta do outro lado da sala. Apresentou-nos e disse-me que, no dia anterior, quando tinhamos estado a corrigir aquele meu texto que mereceu abertura de secção, ela lhe tinha dado "um ralhete por" minha causa. As palavras dele foram estas. E a minha cara deve ter sido de pavor, de confusão de... "porquê?"

"Acho que ele foi muito bruto contigo!", disse-me com ar de clemência a Natália. É fácil imaginar que a minha expressão deve ter passado por uma fase que não sei qualificar. "Oh, não foi nada", disse eu, quase a cair para o lado.

"A Natália acha que eu disse que o teu texto parecia retirado de um livro da Anita", disse-me o Álvaro. "Mas eu expliquei-lhe que utilizei esse exemplo só a propósito de uma frase tua, que achei demasiado infantil, não foi Cristiana?", continuou querendo justificar-se. "Foi, foi só por causa de uma frase", disse eu anestesiada, como se estivesse a ser subornada em silêncio pelo olhar de autoridade do Álvaro.

Convicto de que, ali, a surpreendida era eu e que, afinal, tudo não passou de um mal entendido, o Álvaro saiu de lá e eu permaneci, colada ao chão, a olhar para a Natália, sentada e ainda com o mesmo ar de pena que me fez corar até à raiz dos cabelos. (esta expressão era escusada... eu coro por tudo e por nada, mas enfim).

"Agora a sério... Ele foi bruto. Ele é muito bruto a falar com as pessoas e não podes deixar. Sê bruta com ele também", disse-me ela. Eu, ainda atarantada, disse que "já estava habituada". Não sei se ela percebeu que aquela pequena frase era a explicação para tudo, que não era preciso eu dizer mais nada. Por isso disse-lhe "obrigada", como se ela fosse minha advogada de defesa, e saí.

Quis tanto chorar que nem sabia bem porquê.

Toda a gente da redacção ouve a forma como ele fala comigo (e com os restantes estagiários, penso eu). Já tinha duvidado disso, mas obtive, naquele dia, a confirmação. E doeu tanto...

Continua a doer cada vez que penso nisso. Porque penso na ideia que transparece para as pessoas que o ouvem. Naquele dia permaneceu a ideia de que eu escrevia textos da Anita.

Balanço? ou Balança?

Passou-se mais de um mês e meio desde que cheguei ao Público.
Continuo sem saber bem como qualificar todos os meus dias cá. Ontem o meu pai perguntava-se se acho que gostam do meu trabalho.
Para ser sincera, fica-me a clara sensação de que não gostam. Sou tão pequena e tão ingénua que é pouco provável que possam sequer pensar em apreciar aquilo que faço.
Gosto quando os meus textos saem quase na íntegra na edição impressa sem que sejam quase alterados. Ontem aconteceu isso com dois trabalhos e fiquei contente. A verdade é que quem os corrigiu foi o sub-director. Se, por um lado, ele adopta uma posição superior na hierarquia de cargos do jornal, por outro, temo que o facto de não ter quase alterado nenhuma palavra ao meu texto se possa prender com outras razões que não a qualidade do meu trabalho.
Será que não o fez porque não teve tempo? Será que não valia a pena?
Ou será que, se calhar, quem sabe, até nem merecia alteração?
Também creio que, como sub-director, não queira deixar passar um texto de má qualidade.
Mas tudo isto ainda me faz confusão quando não se obtém qualquer feedback sobre todo este percurso que por aqui faço.
Não consigo fazer um balanço, nem que me peçam. Sinto que ando, por aqui, a balançar...